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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Tua Palavra - O Evangelho em Canção

por Walter Mendes*


O segundo grande princípio da Reforma que pretendemos abordar é o papel central e autoritativo da Bíblia na fé protestante – o SOLA SCRIPTURA, que significa "SOMENTE A BÍBLIA" em latim. Os católicos acreditam que a Palavra de Deus está contida tanto na Bíblia em si quanto na Tradição, e que apenas o Magistério da Igreja (isto é, os bispos em comunhão com o Papa) podem interpretá-la de forma autêntica. Na prática, isso significa que a Bíblia não é o fundamento primário nem o árbitro final para estabelecer as doutrinas na Igreja Católica, bem como que que os leigos (os que não são sacerdotes) não podem nem sabem interpretar a Bíblia devidamente.

O protestante, por outro lado, defende a Bíblia como única regra de fé e prática. Isso quer dizer que a Bíblia É – não contém – a Palavra de Deus, e que todo o conhecimento necessário para a salvação e a santidade é encontrado em suas páginas. Assim, o Sola Scriptura exige como válidas apenas as doutrinas que são encontradas diretamente nas Escrituras com um claro "Assim diz o Senhor" ou encontradas indiretamente nela – usando dedução lógica válida ou raciocínio dedutivo válido a partir das Escrituras. 

O Sola Scriptura não é uma negação de outras autoridades na vida cristã da Igreja e dos crentes. Dependendo da denominação protestante, outras fontes de autoridade religiosa – como a Tradição, a experiência e a razão – podem ser utilizadas para apoiar e formular este ou aquele ponto de doutrina ou prática. Mas o Sola Scriptura, adotado em todo o protestantismo, exige que todas as outras autoridades estejam subordinadas à Bíblia e devam ser corrigidas por ela. 

Os protestantes defendem esse princípio pelas seguintes razões:
  • Os escritores bíblicos viam as Escrituras como situando-se numa categoria única, distinta e separada de toda a literatura restante. Eles se referiram à Bíblia como as "Sagradas Escrituras" (Romanos 1:2), "sagradas letras" (2 Timóteo 3:15) e "oráculos de Deus" (Romanos 3:2; Hebreus 5:12).  O apóstolo Paulo que "toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino" (2 Timóteo 3:16). A palavra grega theopneustos, aqui traduzida como "inspirada", significa literalmente "soprada por Deus". Deus "inspirou" a verdade nas mentes dos homens, os quais expressaram estas mesmas verdades em suas próprias palavras, que foram consolidadas nas Escrituras. E, no sentido de que Ele inspirou os escritores, Deus é o Autor da Bíblia.   
  • Deus o Espírito Santo é apontado como a fonte e orientação dos escritos bíblicos: "Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1:20-21, NVI). Apesar de Ele tenha usado diferentes maneiras para Se revelar aos 40 escritores bíblicos: observação pessoal, informação oral, fontes escritas ou revelação direta. De forma significativa, podemos apontar os casos de Davi e de Paulo para mostrar o papel da inspiração divina na produção, respectivamente, do Antigo e do Novo Testamentos. Davi declarou: "O Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a Sua palavra está na minha língua" (2 Samuel 23:2) e Paulo, escrevendo aos crentes de Tessalônica, afirmou: "tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus" (1 Tessalonicenses 2:13). Por vezes a figura do autor humano desaparece completamente, e apenas o verdadeiro autor – o Santo Espírito – passa a falar: "Assim, pois, como diz o Espírito Santo"; "querendo com isto dar a entender o Espírito Santo..."; "Ora, o Espírito afirma expressamente que..."(Hebreus 3:7; 9:8; 1 Timóteo 4:1).  
  • O Salvador Jesus sempre utilizava a Bíblia como autoridade final, quer estivesse sendo tentado por Satanás, quer estivesse debatendo-Se com os oponentes. "Está escrito", "Que está escrito na lei?", "Nunca lestes nas Escrituras?" foram expressões que Ele utilizava tanto com propósitos defensivos quanto de ataque (Mateus 4:4,7,10; 21:42; Marcos 12:10,26; Lucas 20:17). Ele situou a Bíblia acima das tradições e opiniões humanas, reprovando os líderes judeus pelo fato de eles se desviarem da autoridade das Escrituras (Marcos 7:7-9). Cristo aceitou sem qualquer reserva as Escrituras Sagradas como sendo a revelação autorizada da vontade de Deus em relação à raça humana, endossando tanto os livros em si quanto as histórias do Antigo Testamento (Mateus 23:34-35 e Lucas 24:25-27; Mateus 12:39-41; 19:4-6; 24:37-39; João 6:31-32). Finalmente, Ele nos convida para pesquisarmos as Escrituras, nos tornarmos familiarizados com Ele e alimentarmos de Sua Palavra: "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam" (João 5:39) e "Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus" (Mateus 4:4).
A fé protestante celebra e proclama a Bíblia como fundamento e tribunal de todas as doutrinas e práticas, como o Livro em que Deus revela Seu plano para nós e testemunha Sua ação e interação com a raça humana. Para esse princípio escolhi 2 canções simples, mas ultra-conhecidas entre os evangélicos, que ilustram bem o lugar da Bíblia na devoção protestante: 

Michael W. Smith e Amy Grant - Thy Word (Tua Palavra)

Aline Barros - Tua Palavra

Ambas as músicas usam os belos versos do Salmo 119:105 ("Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra, e luz para os meus caminhos"). A Bíblia é um livro sagrado (isto é,  separado para fins religiosos, não sendo profano ou comum), mas não é um talismã doméstico, não é um código de regras, nem livro de auto-ajuda. Seu poder, sua autoridade e sua capacidade de inspirar vêm do Seu autor - um Deus amoroso que Se interessa pelo nosso bem-estar ao ponto de ter escrito essa carta para nós. E eu o convido a você também ler, estudar e aplicar a Bíblia em sua vida. Mas acima de tudo a entregar sua vida ao Autor da Bíblia e a amá-Lo cada vez mais ao ouvir Sua voz em Sua Palavra. Esse é o Evangelho em canção.

Leia também: In Christ Alone – O Evangelho em Canção

*Walter Mendes é um jornalista apaixonado por Cristo e pela literatura que mantém o Portal Escrivão Caminha (escrivaocaminha.blogspot.com). A reprodução deste texto é autorizada desde que seja mencionado este crédito.

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